Parte III - Crônicas Poéticas
Parte III - Crônicas Poéticas
Esta terceira parte é uma coletânea de poesias escritas após 1990.
Em alguns casos é um exercício de distração, em outros, mensagens que gostaria de dar para alguém e noutros uma verdade tocante.
Espero que o resultado seja muito mais além de "para gostar de ler".
E se para o leitor este ato se tornar "poesia crônica", então fico por enquanto satisfeito, na medida que esta coletânea é um mosaico de pedaços destituídos de vínculos ou relações.
Contudo como vivi e não vegetei estes anos todos, creio que algo sempre será interessante, na medida que o mundo é diverso e que pessoas jamais pensam igual.
O crônico na verdade é aquilo que não muda, e permanece sempre homogêneo, igual, envelhecido, não como vinho raro de qualidades, mas como vinagre.
Resgate portanto a poesia, ou o que lhe agradar, e o resto deixe em queda livre, pois nada quebra quando caí no pensamento.
Bom apetite!
01.06.1997 Crônicas Poéticas
Saiba você
Ainda busco o imprevisto.
Visto o íntimo e o inexato
De uma ligação única,
Tíngida
De branco.
E por...
Ainda que for...
Deixo cartas de amor irresolvidas,
Vontades feridas
Abandonadas ao acaso...
Pois secas
Inundaram meu ser de nada,
Repletando meu íntimo
De verdades questionáveis,
Jamais sinceras
E como tal louvadas.
E havia os que ainda falavam
E nada escutavam,
E valia pouco mais que outros
Mas ouvia.
Duvidei então,
Refleti,
Como gato me feri,
Com a vida sete.
Pensei...
Aí está a minha recompensa,
A mina de ouro,
E já sobre o touro
Rodeio a estrada,
O destino.
Acertada e recompensada,
Nem sempre a vida compensa ou corresponde,
Maionese que estraga:
A lição final.
Mas sempre escuto,
Censuro jamais
A queda que estimula,
E caído fiquei a esperar,
Enquanto andava,
Enquanto amava,
E assim me criei-os
Em família.
Assim
A parte ruim vale a pena,
E a palha que se espalha incendeia,
Sem queimar-se em vão.
O canto final jamais irá soar...
Enquanto houver ar...
Encanto alguém escutar...
Palavras conseqüentes de atos e pessoas:
Cinema mudo.
Portanto,
De vontades jamais atoas,
De mais sorte,
E menos morte,
Serei o peão.
Jamais campe,
Mas sempre lampe,
Que ensai a iluminar o mundo todo,
Como um pavio enegrecido
E torrado
Lampeão.
Neste íntimo,
Ritmo,
Nesta mímica escrita,
Escolho cada palavra a dedo e nariz.
Pois sei
Que existem
Significados e significados,
Raiz.
Significados replexos de significantes,
Campos léxicos presentes,
Diamantes da civilização humana.
E portanto
Procuro agregar este efeito mágico
À minha pregação de prego,
Do empregado,
Do prego,
Do ato de pregar.
Pois muito acredito nesta herança
Que recebemos ao manipular um passado
Léxico,
Remoto,
De homens já mortos
E que continuam a morrer
Pois do boato que corre
Só sobra o escrito que morre
Num canto escuro do armário.
1º) Escrever poesias longas e compridas
Refletem a complexidade do Fato,
Do tempo e espaço
Que temos pra passar,
Neste estreito corredor
Da rotina.
Administro assim
Meu vínculo
Íntimo
Sistema
Ao status quo,
Ao que nem sei o que dizer,
Mas sei quanto significa,
Mesmo já morto o hôme autor.
À espera
Cada coisa tem seu lugar,
E a tiramos da ordem antiga,
Às vezes sem as mãos,
Às vezes sem as mães ,
E choramos.
Cada pessoa tem seu valor,
E a borramos de tinta e óleo,
Sem entendermos
Quanto nos custa,
Quanto nos diverte,
Quanto nos perverte,
E a vida dá voltas,
E nunca mais somos os mesmos,
E nunca mais dançamos como fadas ou anjos.
E por mais ventura que alcancemos
Nunca estamos inócuos,
Nunca dormimos de óculos,
Nunca estamos no chão, apesar de grudados.
E se estamos presos, estamos tentando,
Estamos arfando o gás tóxico do desejo,
Por isso bebemos,
Por isso sexamos,
Por isso deixamos o que prezamos de lado
Suicidas como somos.
Tolos, abraçamos a morte
Ao deixamos de lado a razão do amor,
Por sexarmos,
Por deixarmos nossos gozos secando ao léu,
Secados como provas de um ato revelador,
Invisíveis no escuro,
Presentes como cicatrizes de uma dor forte,
Mas dilacerantes em nossas consciências como for
Sem dor ou pranto
Enquanto sofremos.
E até quando lutar
Se a verdade
De amar não te correspondo...
Você ao seu lado me ama
Mas não chama sufocado em seu remorso,
E não me acalenta,
Nem me atormenta em gozo forte.
E até a morte te amarei,
E até a morte o deixarei tocar-me em meus sonhos,
Pois necessito-te calar, amor louco,
Num gesto pouco,
De dor e sorte.
Pois sei
Que escorre o seu sêmen
A fertilizar-me
No meu hímem eterno da paixão.
Porque então
Não vem e me atormenta
Com seu sexo,
Pois sou mulher e fêmea
Como alguém qualquer,
Como alguém qualquer que te gera,
Como alguém qualquer que te conhece,
Como alguém qualquer que te espera.
Tão efermera é a vida após a morte
Quanto o sexo após o casamento.
Em êxtase sofro
Em meio a dores
Que não mais importam neste espaço.
Pois temo o espaço
E a proximidade de ti,
Pois ainda não morri o amor que morre,
E não vivi o líquido que escorre em seu libido.
Mas antes de tudo
Não fui eu que tirei “Algo” do lugar
Pois fui aquela que perdeu a inocência
Para ganhar consciência.
Me sinto só
Em meu gozo de tudo que entendo
E sinto falta e não compreendo
Por que me olhas e me temes.
Amor,
Temos um passado
A unir-nos em sacramento pelo sexo
Tornado amor em noites amigas
E que Ninguém ou Deus separa,
Pois daquele sangue suado
Vieram seus filhos.
E até um dia hei de esperar,
E até o dia hei de esperar a minha morte,
Pois a morte tua espero de ti,
Espero assim ...
Espero sim a renascer-te como homem
E não menino
Em minha paixão.
Sinceramente
O que eu quero
É viver intensamente o que é você,
E transgredir o consciente desse amor,
Rir contigo desta vida de horror,
Onde poucas pessoas realmente nos amam,
Dentre as muitas que nos querem,
Dentre muitas que nos manipulam sem menor consideração.
O amor é viver a emoção do que é tranqüilo,
Colher os frutos já plantado e crescidos
De um êxtase real.
Pois sempre existe em você o meu perdão,
Pois sempre existe de você no coração e te perdôo,
Pois sei, o mundo é complexo
E explosivo
Como uma dor sem direção,
Como uma dor sem relação razão ou sentido
Para os que sofrem
E que amam pra viver.
Linhas incompreendidas
Nem sei o que fazer
O tempo passa
Nem sei o que morrer
O tempo acaba
Sem nada dizer
Então caio em desuso
Fico absurdo
Sem nada saber
Por reflexo estar
Por conexo ficar
No laço que se cria
Entre meu tempo, meu ar
Gostaria de estar inspirado
Para escrever
Mas diria
É melhor ser errado
Do que escrever
Linhas certas mas incompreendidas
Culpado-Inocente
Carrasco-Decente
A voz indiferente
Do público refrão
Que repete as palavras de um vento
Descomprometido com a verdade
Descompromissado com a justiça
Estereotipado pela moral que jamais pergunta
O que aconteceu ?
O que morreu ?
Porque sofreu ?
Para onde irás ?
Socializado o destino
Do tal
Nada resta em seu percurso
Que sua fala
Que sua história
Que sua memória
Adulterada pela indiferença da multidão.
E gostaria de compartilhar seu presente
A causa
O porque,
Pois
Vencido
Culpado
Inocente,
Foi deitado no chão imundo,
Pra saber que os fortes
Penalizam os inocentes.
02.07.97 Meus anos 10 passados
Hoje repensei meus anos 10 passados
Mas não sei se passei por todos eles
Pulei alguns,
Senti nenhuns
Morri de uns
Hoje não sei se durmo ou tomo banho primeiro
Pois muito tomei
Pois muito levei
E pouco provei
Hoje já não acredito em um futuro meu
Pois nenhum me ouvi
Pois alguém me feri
Pois morre o que senti
E o tempo de hoje que passa
Não pára para eu respirar
Nem fica assim de chegar
Ou pesa sem nada mudar
Não sei o que sou
Nem sei o que me faço
Nem mesmo eu
Nem nada quereu
Dum ponto que nó
Pois faço di pó
Sem rima
Nem traço
E nem mesmo poesio
E nem mesmo poesia
Apesar de parto
Apesar de querer
Para sempre valho
O que sempre roguei.
Nado no que resta e me mata
Nem me mato nem faço o que só
Pois do sangue que sangra refaço
E carrego comigo
E mino e perigo
Mas tenho o que sei
E das bombas
Que me traíram por todos os lados
Que outros
Que poucos
Que porque ?
O dia nascerá amanhã
E tudo terá passado
O tempo terá amado
E a cama lençol esparrado
Pois repleta-me
Meus filhos
Duas mais uma
E um
Noutro dia talvez dois
Mas por enquanto espero
O talvez vem depois
O destino que fala
Como vai a família
Pois é o algo que me resta
E talvez minha parte que presta
Pra algo que faço melhor
Só resta meu sangue que sangra
Meu olhar que procura
Meu nariz que alerta
Minha mão que busca
A verdade que vivo
A roupa que visto
E mais nada que só
E isto é que resta de meus 3 tios
De minha avó
De dois irmãos
Vários primos
E de um alguém que a ponte partiu
E que outro perdoa
Mas não esquece
E a dor que morre
Não pranto agora
Do canto sinfônico
Atônico escola:
Vida que ensina sem mostrar
E que mostra sem dizer
E que dize sem olhar
E que mata ao colher
O que nega e escola
Quem leitura
O que escrevo
Talvez ainda não pergunta
Porque que limbo
Porque que timbro
Sem claro dizer
Pois a dor que morre
Talvez escrevo
Talvez não sei porque Glauber
Porque Lawver
Porque até tu Brutus
O nada que resta da parenta
Nada vale de melhor
E se melhor valho que visto
Não compreendo
Mas não uso
Nem usuro do que não é meu
Hoje tenho 27 anos
Dezembro mais um ano além
E amanhã vintém
E outro dia amém
No nonagésimo ano de vida
Gostaria de centenário
Tombar
Ao lado da minha amada
Gostaria de falar que á vida é realmente complicada
E nada miserável
Pois palavras não trocam
Nem vozes refletem
O que no fundo vivo
Meu avô me ditou miserável
Mas não miséria
Nem pilhéria
Pois é dele que copio o costume
De talvez trabalhar
E de pouco ficar em família
E esta é a minha miséria
Às vezes não ficar
Pra muito me ausentar
Em pranto de nada
Pois não tenho a fórmula do tempo
Pra voltar o encanto que esvái
Enquanto o filho cresce
E a filha aparece
E a esposa que dorme
E o nenê que mantém
Minha barca é o que
Embarquei
Meu trabalho
O que peguei
Mas não peco
Nem me esvaio no igual que me velaram
Mesmo vivo...
Deste espelho nada resta
Nem mensagens de um pedaço de matilha
A se perder entre as folhas do papel dos homens
Que usuram de Deus
Papel que mata sem se ver
Que corrompe sem dizer
Que desfaz sem iludir
Que mata sem mostrar
E a dor que morre de meu amigo
Camões
Camãos
Irmãos
Nem menos paz
Contudo acho que contornarei
Este destino
E farei minha prole
Conhecida
Conhecida por mim
E reconhecida
Reconhecida por alguém
Mr. Burton, Richard
Da Inglaterra imperial
Viajou mas não teve algo que o fizesse voltar
E por isso se jogou
Aos pés do mundo
Obcedado pelo ouro que em algum lugar esqueceu.
O ouro do homem é igual
Ao ouro do porco
Que é igual ao ouro do boi
E que no fundo o que foi
É tudo igual
Nosso tudo sobrevive
Em carne sangue frugal
E o sangue que me sangra não é vão
Pois o que deixo é algo pouco mais que o pão
Pois pão produz
A lei ensina
O erro corrige
E a dor consola
Meus filhos são as heranças
Do futuro
E deixo-los
Aos pés de um novo mundo
De palavras violadas
Mas de sentidos iguais
Pós-Posterior-Modernidade
Tal qual idade o não saber não é perder
Pois valem-se estes do apropriar inconsequente
Sendentos por entender
Mas impossível de compreender
O mundo em que nasceram
E aberraram-se desesperados
E morreram-se bandidos
Sem saber a voz do Sacro
Nem receber a mensagem do que morreu
Pois de pessoas
Nada resta de intacto
De pessoal
De nada senão de seus discursos esquecidos
E suas parábolas inexatas
E eternas como o pó
De então Buda
Depois Jesus
Seguido por Francisco
Depois morto decerto
Para nunca mais sabermos
Qual seria o próximo
Deste lúgubre ensejo
Gostaria de deixar mensagens
Tenham filhos
Mas deixem os crescer
Eduque pelo que é
E mude pelo que for
Mas não bata com a mão que mata
Nem grite com a voz que contradiz
Seu próprio eu.
Pois repensei 10 anos meus
E pouco restou
10.11.1996 Algo forte
Hoje o dia
Fez-se cedo
Como vontade
Adormecida
Como saudade
Não vivida
De algo forte
Plantamos
O que é bom
Ou pelo menos o que achamos ser bom
O que deduzimos ser bom
Por isto sonhamos
E errar ao sonhar
Não é culpado
E sonhar por achar
É um outro fato da realidade
Dentre tantos e outros
Que a nossa imaginação cria
Dentre tantos e outros
Que a emoção cega
Por ser tão forte
Tão fraco sou
Pois as vezes canso de esperar
E as vezes durmo
E as vezes durmo
E esqueço de sonhar como os anjos
Como os simples que edificam
O valor
De novos tempos
E que brincam
Ao mesmo tempo
Que constróem um momento único
E Insubstituível
Chamado infância
Por nós que a perdemos.
05.04.1995 Quando fazemos
Quando fazemos
O que queremos
E amamos:
Nascemos
Vivemos
Amamos
Crescemos
Amamos
Plantamos
Cuidamos
Colhemos
E nunca morremos
Pois
Nosso interior
Está
Repleto
De Vida!
05.04.95 Nuvens e Castelos
Certas vezes
Ficamos,
Achamos,
Baixamos a cabeça
Na atitude que não é,
Na verdade retraída,
Na realidade revés.
A sorte
Nega ao céu
Sua brancura,
O horizonte
Escurece a vontade,
E o desejo bate,
E o ciúme argumenta,
E o vírus contagia
Nosso interior.
Sonhos...
Tempos de criança...
Quando tínhamos
Nossos heróis
e Nuvens
e Castelos no ar.
E hoje nossos
Heróis estão lá,
E nós é que
Não olhamos para as
Nuvens no céu
De tanto que
Olhamos para
Nossos umbigos.
Quem sabe
Não vale a pena
Pegar um torcicolo
e Aliviar
a Alma ?
19.03.95 Laço da paixão
Ter
Poder
Miséria
Pensamento
Elemento
Paixão
Na verdade
Um sentido
Só é velho
Quando
Esquecido
Sem reflexão
Tu és
Flor
Ao meio dia
Tu és
Vento
Ao passar
Pelo corpo
Envelhecido
Sob o véu
Do seu olhar
Chuva
Longa
A tarde
Triste
Não sei
Onde começar
Por ter não
Acontecido
Na mesmice
De um tocar
Não
Bastasse
Tempestade
Tormento
Ficção
A verdade
Foi velada
Pelo laço
Da paixão.
27.08.95 Retratos
Retrato
Absurdo
Colcha de tecidos
Retalho
De Paixão
Fachada
De mistérios
Verdade
E sorrisos
Na fossa
Da ilusão
Só os sapos
Coaxam
Gentilmente
Só a dor
Faz luz
E semente
Mas
Quem
Sabe
Outra
Vez
A cortina
Baixe
Logo
Tal como
A vela
E um incenso
Como
Um
Reflexo
Hoje penso
O que comer
Amanhã
Amanhã
Nunca
Haverá
Outra vez
Como
A chuva
Como
A vulva
Como
Três.
27.09.94 Caminho para a morte
Na verdade
A vida é
Reflexo da nossa
Atividade
Reflexo de um pensamento
Em combustão
De uma paixão
Em ebulição
Do caminho
Para a morte
Morremos a cada dia
Que se passa
Para renascermos
Em seguida
Com os mesmos
Defeitos e
Coragens
Que não
Traia você
O seu ideal em vida
Para não
Se aprisionar
Entre os arcos
Do destino
Como eu
Todos somos
Imortais
Perante
Nossas consciências
Na infinita
Mudança de dias
Que é a Vida
Seria você
Um pedaço de Deus
A transgredir
As leis da
Realidade?
Livres
Porém
Conscientes
Eis a sina
Dos que
Combatem
01.05.1995 Lembranças de uma vaca
Quando a vi nua em pelo
Senti um arrepio na barriga
Havia muito pelo
E muito traseiro
E muita barriga
E havia também uma singela
Inocência no seu peito
Que também era peludo
Assim como tudo que havia
Ao seu redor
Talvez fosse por amor
A primeira vista
Mas sinceramente
Coço-me ao pensar em “ti”
Ao pensar que quase me iludi
Ao pensar que quase me perdi
Entre seus pelos
Pelo que guardo na lembrança
Você nem me aceitou
Talvez por ser eu sincero demais
01.05.95 Poesia, poesia, poesia
Poesia
Poesia
Poesia
Falta muita poesia
Neste mundo
Falta muita poesia
Neste momento
Falta sim...
Falta porém
Um levante,
Uma renovação
Falta assim...
Digamos...
Faltam recursos,
Falta grana.
Quem tem história para contar
Nem sempre tem grana
Quem tem grana
Nem sempre tem talento
E não muita consciência
E não muita divergência
Com a sociedade.
Digamos que eu seja um poeta
Digamos que eu esteja duro
Digamos que eu esteja alcolizado
Estendido no gramado
Mas nada disso tira o meu mérito
A minha vivência
E é isso o que eu tenho pra contar
E é isso o que eu tenho pra amar
E é isso o que eu vivo
Vive-se às vezes inutilmente
Vive-se porém
Vive-se alguém detrás do espelho
Vive-se também
Vivo me questionando
Pra que tanta euforia
Pra chegar do outro lado
Se somos e estamos
Prisioneiros do destino
Escrevo porém
Escrevo amém
Escrevo também
E gostaria que alguém
Leiturasse isso
E financiasse o meu livro
01.05.1995 Precoces suicidas
Porque tão talentosos
E tão confusos...
Talentosos...
Porque tão brilhantes
E suicidas
E tão amantes suicidas
E tão jovens
Talvez porque não tenham
Mais o que contar
O que contar de sua pequena
Vivência .
A sociedade os deságua
Sem destino.
Certamente farão
Faculdade.
01.05.1995 Certo dia
Certo dia me dei conta
Que não tinha consciência de meus atos
De que não tinha consciência,
De que não tinha consciência de meus filhos
De que estava estático e desamparado.
Certo dia vi as horas passando sem sentido
Vi as pessoas passando por mim e eu sentido
Onde estava eu?
Onde estava a pessoa
Onde estava Deus
Mas quando meu carro foi abalroado por um caminhão na marginal
A policia estava sem papel para lavrar o boletim de ocorrência
E o fiscal ferozmente me ameaçava com uma multa
Calculada em base de uma lei que só ele conhecia
Pensei no meu imposto de renda a declarar
E na vontade de infringir tudo o que foi posto
Contra a lógica de ser e de estar
Portanto matei-os todos
Soneguei
Infringi
Assassinei as incoerências da sociedade
Mas vi meu eu cercado como pó
Pois esqueci-me
Da essência de meu Deus
Talvez relate em outro instante essa história
Mas sei que existe uma causa pra dizer
Amo muito o que tenho
Não sou o único que sofro...
Às vezes esqueço de Deus
01.05.1995 Até quando?
Abc
Def
asdflkjsafdflkjjl
sadfsfdd
Até
quando
Digitar
Até
Quando
Respirar...
Até
Quando?
08.05.1998 A verdade
Como finalizar
Algo que não termina
Que jamais se define
E nunca contenta.
Como seguir esta fome louca
De beijar a boca
Louco desejo incontrolável?
Como ficar suando
Como ficar sexando
Após dias e noites
E continuar a amar?
Sem ficar ficado
Sem deixar deixado
Sem sentir sentado
Que o tempo passou.
Existe uma semente mágica
Que apaga isto tudo,
Sem negá-lo,
Sem a tudo negar,
Mas qual seria?
Pagamos por quase tudo
Compramos o sacro
Sacaneamos o oportuno
Ficamos vazios
Digo,
Existe uma saída
Sem preço
Sem pressa
Sem porquê.
Na medida que
Nada custa
Nada implica
Nada revê
E só indica para frente.
Plante e verá
Que a verdade do amor frutifica
E nada custa
E nada mantém
Além do essencial,
Na medida que é livre,
Na medida que é simples e inesperada.
Pois milagres acontecem...
E surpreendem...
Quando olhos que se voltam pra verdade
Como ela realmente é:
Terna e eterna.
17.07.95 O avesso do avesso
Que o Homem encontre
Outro Homem
Para ser-lhe franco
E não o avesso
Do avesso
Do avesso
Do avesso
Que só cria luta
Em tempos de Paz
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