Diálogos Poéticos - o livro
Diálogos Poéticos
Em Diálogos Poéticos, temos uma coletânea de poemas de vários personagens virtuais, surgidos em Chats de Internet e Fóruns de Poesia.
Muitos destes personagens acabam surpreendendo devido à qualidade de sua opiniões e a forma com que a emoção é lida na narrativa poética construída por signos e ausências de...
Neologismo são bem vindos, afinal a poesia permite um pouco disto
: criar e recriar a linguagem anarquicamente.
Por outro lado todos são capricornianos, ainda que a experimentação tenha apagado certos traços do autor.
E este se rebela absolutamente à idéia de fazer aniversário entre o Natal e Ano Novo!
Apresento portanto Emiko, Criança Levadinha, Walker, Flor e Hello.
Dedico esta tentativa de literatura à “Pedra no Meio do Caminho” e à “Semana de Arte Moderna de 1922”.
Macunaíma à parte, vamos delegar as honras da casa à EMOÇÃO, personagem constante de cada verso e de cada prosa.
Críticas são bem vidas, afinal nada é perfeito.
Obrigado e bom apetite!
Emiko
Emiko é um pessoa muito sensível, dedica-se á cerimônia do chá e a partir desta ótica busca uma reflexão filosófica para os sentimentos humanos como somente ela poderia fazer.
Neste universo tudo é possível e acontece, mas existe uma certeza e uma constância que jamais é abandonada.
A vida transcorre em passagens sutis e cadenciosas, como se houvesse um grande ritual a influenciar nossos sentimentos, mas Emiko sempre surpreende, pois ela é real e virtuosa.
E tudo a sua volta ela observa, como se cada segundo fosse o último, o mais importante de todos.
A luz – 24.10.1998 - 2:27
luz
facho que contrasta
marcante beleza
sob chávea escaldante
luz
contrasta com sombras
glorifica-se ao formar
figuras graciosas sobre a névoa do chá:
líquido macio e misterioso de ritual zen
bebido ao redor do nada!
Fidelidade do vazio – 24.10.1998 - 2:36
certa vez alguém disse:
participar de uma cerimônia do chá é como dirigir
é um ato inconsciente de grande concentração
não existe passado, presente, futuro
apenas as mãos, os olhos, a boca
acompanhando cada momento
e subitamente acontece o nada
um vazio de fidelidade
e todo conteúdo
que jamais significa, ou jamais dispersa
até que a última gota se evapore no vácuo de mentes
a repousar no vazio ritmo
de intenso ato!
Como uma pluma – 24.10.1998 - 3:00
como uma pluma
passei horas e horas
passando
concentrando
distraindo
dispersando
como um pólo
cada peça do cerimonial atraía
as mãos tocavam
mas os olhos não viam
movimentos silencioso de fada
jamais sentidos
pois repleta
estava com meu eu
passando-se horas
que leves foram
pelo vento
como plumas
A influência do vazio - 24.10.1998 - 2:48
a influência do vazio
de nada altera o rumo das coisas
o ritmo do nada
a vontade de alguém
pois apaga-se um instante
para que outro nasça além
e outro ainda surja noutro lugar
: lugar vazio
lugar de nada
que passa então
para que nada passe sem conseqüências
para que nada surja sem implicar
na suposta consciência de outro momento
complexo processo
fenômeno brutal
transformações
gênese
milagres
que acontecem paralelamente
a cada segundo que vivemos
e que exatamente por isso não importam
pois tudo nasce
quando existe o amor
pelo que fazemos intimamente
num ritual qualquer
que cria e recria
um mesmo momento jamais igual
pois existe copos e copos
rituais e rituais
: e o chá!
Sede de amor – 26.10.1998 - 23:54
muitas vezes ficamos afoitas com sede de amor
o tempo passa... ansiosas... ficamos à expectativa
em expectativa... frustramos nossa espera
deixamos de realizar
deixamos de compartilhar
e aumenta nossa sede
deixamos de lado nossas rotinas
nossas tradições e trabalhos
esquecemos nossos rituais
perdemos a concentração no ar
e tudo fica sem gosto e nem sequer
sentimos o aroma da roupa fresca e asseada
as mãos limpas e ágeis
a chaleira quente e escaldante
névoas de um ato libertador
tal nossa sede: obsessão
lentamente o tempo passa
e com ele nossas esperanças...voltamos à terra
e sentados ficamos a espera de algo
a sede é então diferente
voltamos às antigas vidas
à cerimônia mecânica do chá
talvez não com tanta intensidade ou fé
mas a vida é o que é
e marca-nos com o frio da noite
com o calor do fogo
e redescobrimos nos atos simples da vida
que podemos a cada instante redescobrir o sagrado
no usual
preparar o chá
na verdade é um ato para o corpo
a alma é livre para o que bem entender
a sede de amor é normal às mulheres e aos homens
mas nem todos tem o zelo de preparar
de traduzir, de sacramentar um sentimento nobre
mecânico é o movimento de minhas mãos,
mas meu coração é livre para temperar
a água e a erva
traduzindo-se no gosto, puro
o tempero revelador da magia do verdadeiro amor
pois antes de implorar
sede (vós) amor sincero e dócil
antes de espernear
sede (vós) amor benquisto e doce
pois esta é a lembrança
que deixo na cerimônia
e eternizo na ardência
de uma fé contida
: Eu apenas
guiada pela mecânica
e liberta pelo amor
pois não tenho sede
quando compartilho
sede vós
seja quem for
: serve-se o chá!
Pensar... Pensar muito ! - 24.10.1998 - 2:24
pensar... pensar muito !
desde o princípio de tudo é muito pensar
até envelheço !
mas prefiro o meu canto
meu canto silencioso
meu ritual
meu tempo que passa
para encher-se de chá
um copo vazio
repleto de ar
Mudando meu destino – 27.10.1998 - 12:04
mudando meu destino
pelas mesmas portas
seria possível fazer melhor?
mudando o destino pelas mesmas portas
como seria o caminho só?
mudando o destino fazendo igual
nem sempre alcançamos
nem sempre chegamos
Mas
Como?
Onde?
Porque?
se as portas são as mesmas ?
se os caminhos são unos ?
se é tudo igual !
mas na realidade não é:
nós que mudamos
ao redor de nós mesmos
e não percebemos
Por que andar em círculos ? - 24.10.1998 - 1:47
por que andar em círculos ?
porque não esperar...
porque não contemplar...
porque não usufruir...
o que está ao lado
Pra que tanta busca?
pra que tanto mistério
se a vida nos é um livro aberto
tão quente quanto um copo de chá fumegante
numa fria noite de inverno ou verão
Os ciclos somente existem
para os que vivem do passado
meu caminho é ora reta
ora zig-zag-zig
ora um salto no espaço
ora uma queda repentina
mas jamais de braço
pois não jogo com o sagrado
nem aposto no lado mais imediato
apressem-se
pois senão o chá esfria
e perdemos a viagem da verdadeira transformação
tomemos deste chá
simples e sem voltas
quente mas não impossível
suave, amargo, mas doce
delegar
talvez delegar
aos que nasceram
para dar voltas
enquanto isso aprendemos
e vivemos
de atos simples
pois estes são os mais sinceros
e quem sabe sagrados
Fazemos muito sem pensar – 24.10.1998 - 2:01
fazemos muito sem pensar !
pois muito sentimos
pois muito amamos
pois muito intuímos
pois muito mentimos
e pouco louvamos
alguns são budistas
outros : alquimistas
prefiro a turma da ala independente
que não pensa para sentir
que não pensa para amar
que não pensa para intuir
que não pensa para mentir
mas que muito louva
pois nada pede
apenas realiza
uma cerimônia de grande silêncio
e muita significância
o ato às vezes é a resposta
para grandes questões da humanidade
vamos tomar nosso chá !
Amor com chá – 24.10.1998 - 1:56
amor com chá
não podemos misturar
amor com pimenta
gente boa não comenta
amor com marmelada
confusão melecada
amor, amor, amor
uma rima sem valor
na medida que não surpreende
chá
é água com mato
mato é vida que nasce em todos os cantos
se renova como o amor
mas é muito mais simples
talvez comum
mato
é o nome pobre da erva nobre que muitos veneram
mas que nasce da terra como todos os matos
e a verdade é a terra
tomamos chá
que vem da erva que é mato que vem da terra
tomamos chá
que vem da erva-mato da terra: água suja ?!
realmente
verdadeiramente
tomamos terra
água que vem da terra
e erva que vem do mato que vem da terra
como é interessante a vida
tudo vem da terra
e tem gente que reclama
estou todo sujo de terra !
tomemos nosso chá
antes que esfrie
certas pessoas são muito complicadas !
Criança Levadinha
Quem nunca viu uma criança levadinha?
Aquele pequeno ser que nos surpreende com suas perguntas, que faz tudo parecer brincadeira, que olha a verdade de frente e nos coloca em situações complicadas?
Mas jamais imaginamos a criança com um ser humano completo, dotado de pensamentos próprios, de uma filosofia de vida e de opiniões.
Isto mesmo, quero dizer que ignoramos a palavra da criança, sua presença, seus sentimentos.
Mas para provar que toda a vida é inteligente, vamos ler o que ela fala, a seu modo, sob o seu ponto de vista.
Tios e tias – 26.03.1999 12:25
tios e tias deste espaço
quero muito aprender convosco
sou meio levadinha
criança criancinha
acabei de nascer...
risos...
mas prestem atenção
não vem não tentando dizer
que a vida é muito complicada
e que filho é probrema !!! risos...
sou criança...
não tenho má fé
e por isso às vezes choro...
Bom dia criança amada – 26.03.1999 8:54
bom dia criança amada
o dia já despertou
estamos todos muito ocupados trabalhando
acordaste com fome?
então toma esta torradinha
mas não vá fazer sujeirinha...
e come, come, come
como as crianças tem fome?
fome e fome de amor...
damos o simples
elas sentem o infinito !!!
Meu primeiro olhar – 26.03.1999 12:57
hummmm, que soninho
sentia sentimento chegando
o corpinho encolhido
havia perdido peso
hummmmm cadê meu quentinho
estou com frio
hummmmm que bom
o que será isso
abri meus olhinhos e vi um sentimento vindo
e falando com carinho...
hummmm senti seu cheirinho gostoso
tão quentinho...
logo em seguida pra meu espanto senti seu leite
hummm que gostoso
senti vida circulando em meu corpo
despertei pra viver e pra sonhar
fiquei novamente gordinho e cada vez
mais fofinho...
certo dia um anjinho veio me visitar
e me explicou que este mistério
chamava mamãe
mama, mama, maam, falei
e de repente me vi levinho e um barulhão:
ele falou mamãe, ele falou mamãe
e foi assim que aprendi
como se expressa felicidade
A voz da criança - 26.03.1999 - 12:45
a voz da criança é fina e alegre
irrequieta e doce
as pessoas dizem
qual é o bichinho que está aqui...
mas não somos brinquedos
gostamos de brincar
prá nós este é um assunto sério
pois o mundo é tão grande
e não temos como calar
nosso espanto...
gosto de ouvir estórias
mamãe sempre lia livros e lendas
contos infantis
falava sobre as pessoas
sobre os lugares que havia viajado
como conheceu papai
e então olhava pra longe
e eu a via distante
e gritava
mamãe, mamãe, mamãe
continua a estorinha...
mamãe sempre me falava
mas que criancinha levada!!!
é hora e dormir
vamos fechar os olhinhos e rezar...
Ave maria...
Uma grande descoberta 26.03.1999 12:49
vou contar um dia que foi o mais feliz
da minha vida...
mamãe chegou quentinha
me deitou na cama e me falou um montão de coisas
fiquei olhando, olhando sua boca mexendo
mexendo, mexendo, e cocei meu narizinho
e perguntei: mãezinha o que é deus???
ela parou o que falava e me explicou
que era o papai do céu!!!
sorri sorrindo e pensei feliz sorrindo
sou muito, muito amado, tenho dois pais...
e peguei no soninho...
mamãe, mamãe, mamãe...
Quantos dias faltam pro meu aniversário? – 26.03.1999 1:05
quantos dias faltam pro meu aniversário???
era a primeira pergunta que fazia logo de manhã
mamãe era tão linda...
ela me olhava e dizia depois de amanhã...
de repente disparava correndo pra cozinha
bater panelas e mexer nas coisas lá de cima
e de repente ouvia
cuidado com a panela, não mexe no fogo !
foi assim que aprendi a cantar...
quando cansava perguntava de novo
mamãe, mãezinha, que dia é meu aniversário...
ela sorria e dizia...
que lindinho...
depois de amanhã...
e saia correndo passando debaixo da mesa
e tapava os olhos com as mãozinhas falando
mamãe não me acha...
mamãe não me acha...
então tomava banhinho e ficava todo molhado
mamãe fazia um ar preocupado
mas sempre ria quando molhava seu avental
pati, pati, pati, batia na água com minhas
mãozinhas e perguntava
quando é meu aniversário mãezinha ???
foi assim que aprendi
que as coisas boas e gostosas
sempre vêm depois de amanhã...
e dormi tranqüilo pensando
mamãe, mamãe, mamãe...
Minha mamãe 26.03.1999 1:22
minha mamãe
enxugou seu rosto e me disse
mas que criança mais lindinha...
sorriu docemente e me tocou com as costas das mãos
mamãe te ama lindinho...
não chora se ficar sozinho...
não precisa não chorar...
abracei-a fortemente
e disse mamãe, mãezinha, tou com medo
que lugar é esse
ela me explicou tudinho timtim por tintim
disse que ela me amava muito
e que cuidou com carinho
quando estava na sua barriguinha
me contou que quando comia algo gostoso
sempre dizia, isso aqui é pro meu lindinho...
e ria, mexendo gostoso na barriguinha
eu lá quentinho ficava dormindo
embalado no vem e vai de seus passos cuidadosos...
mamãe me olhou bem nos olhos e chorou
tranqüilamente pois achou-me forte e crescido...
meu lindinho disse...
jamais vou deixar você
vi mamãe dormir com os olhos pequeninos
procurando para onde
e um dia acordei...
e não tinha mais a cama quentinha
pois mamãe havia dormido ...
então um anjinho disse
criança acorda criança olha lá...
foi então que vi mamãe lindinha na janela
falando adeus...
senti seu amor fluindo e entendi
que aquele era o mundinho dos sonhos
e que ela estava lá
sempre me esperando...
pra contar estorinhas...
pra me afagar...
obrigado anjinho, falei muito tristinho
mas sorrindo, pois jamais deixaria mamãe
e seja lá onde iria, teria seu amor
e sua luz...
mamãe, obrigado mamãe... e fui com o anjinho para
minha caminha... eram as primeiras horas de uma
nova vida sem mamãe...
Um novo dia – 26.03.1999 1:33
o dia nasceu como outro
e estava com meu pequenino corpo a balançar
no corrimão
me sentia quase que sonhando,
estranhei o silêncio e os gritos de perigo
também não havia quem limpasse meu suor na testa
me sorrisse baixinho dizendo...
quem é o lindinho da mamãe?
fiquei meio sem rumo
olhava todo mundo triste
falei para uma amiguinha
é ninguém parece perceber
lembrei-me da ave maria
e tentei recitar mas não lembrava
foi quando então a menina
que estava do meu lado disse:
não se lembra
a gente rezava assim:
Ave Maria...
Um depoimento – 26.03.1999 - 1:43
bem...
ainda não ganhei nenhuma bala
ninguém brincou comigo
ou me jogou para o ar...
mas não estou zangado
desde que me compre um sorvete
depois a gente vai comer batata frita
e passear no parquinho
e balançar na gangorra
e no gira-gira...
então vamos comprar revistinha
e você vai ler uma estorinha pra dormir
e aí a gente vai tomar café
escovar os dentinhos
trocar de roupa e ir pra escola
mas não gosto de lá tem um menino que me bate
e a tia nem me protege...
ahhh é o desenho...
durmo em frente à TV...
Amou-me intensamente – 26.03.1999 12:36
amou-me intensamente minha mamãe
ela me deu leite
me deu calor para meu corpo
mordi seus dedos
puxei seus cabelos
agarrei-me a seu pescoço
mas ela jamais me empurrava
apenas dizia: calminha criança,
mamãe já vai!!!
ficava triste quando ela demorava
e chorava baixinho
pois me sentia sem sentidos...
o mundo era tão grande
e mamãe tão bela
mamãe, mamãe, mamãe
chorava por ela
mas ela sempre vinha
mesmo que em meus sonhos
depois que morreu
e eu já criança
chorei tua morte
e ela forte me disse
viva criança viva
a vida é bela como tu
ama-a repleta e doce
pois tu nasceste pra amar
e somente amar esta vida
assim como a amo daqui tão quentinho
estou sempre contigo
não chore criança
não chore, mamãe já vai....
e então...
ela nunca mais voltou...
pois nunca mais chorei...
pelo menos no meu sonho...
e o vento soprou...
criança vem brincar ...
e as folhas voando, voando no ar....
Meu cantinho 26.03.1999 12:39
meu cantinho é muito legal
eu coloco meus presentes
que ganho no natal
um pedaço de papel colorido
um bichinho sem pernas
um coração vermelho pintado de jasmim
pois dentro em mim existe uma flor
desabrochei para a vida
e quando tristinho ficar
procuro meu cantinho
pois lá encontro um lugar
onde o meu mundo simples
é capaz de me dar
riqueza que o dinheiro não compra
carinho e amor
Ninguém quer falar comigo – 26.03.1999 12:29
ninguém quer falar comigo
procuro um amigo
um não um montão
um montão de amigo
pois fico muito triste
quando não existe mais ninguém
pra conversar...
fico com medo
e penso mamãe, mamãe, mamãe
cadê você mamãe...
mas você já morreu
foi pro céu
me leva contigo mamãe,
tenho saudades...
precisa voltar
senão choro
mais alto
mais alto
do que já estou chorando
criancinha precisa de carinho
de atenção
de comida
estou faminta
quero amor !
Meu mundinho – 26.03.1999 11:58
meu mundinho é bem lindo e pequenino
tem a extensão do meu quartinho
do jardim
mas nele cabem todas as pessoas
grandes e pequenas
fortes e fracas
meu mundinho não é uma fantasia
pois é realidade
e dentro dele realizamos simples sonhos
e fantasias
por exemplo uma caixinha
é um carinho ou uma caminha
um pedacinho de papel
dinheirinho de mentirinha
um livro colorido
uma viagem inesquecível
e alguém contando estórias...
uma viagem celestial...
não gostamos de esperar muito
pois o tempo é tão vasto
por isso preenchemos este vazio
com diversas brincadeiras
e quando estamos sozinhos
o anjinho vem pra nos ensinar
coisas que nos esclarecem
a respeito da vida
e do mundo dos adultos
lá é tudo muito complicado
pra ser feliz tem que sofrer
para se amar tem que haver sexo
pra se esclarecer tem que falar muito
pra se apaixonar não é suficiente carinho
nós criancinhas
somos apaixonadas pela vida
tocamos as pessoas
para sentir suas presenças
não pra tirar algo...
é engraçado
ver os adultos conversando
eles falam horas e dias
pra dizer que estão se amando
mas não se olham nos olhos...
ou sorriem para mim
o mundo deles é só deles
enorme!!!
e vazio !!!
vamos brincar ???
Tão complicado o mundo dos adultos – 26.03.1999 11:44
tão complicado o mundo dos adultos
pra que dizer tanta coisa pra dizer que se está só
pra que tanta angústia se é só esperar...
quando se ama é fácil voltar
e ficar juntinho quentinho...
pois não é preciso dizer tanta coisa
podemos sorrir e mirar-se nos olhos
pequeninos, fechadinhos...
risos...
e pra gente isso tudo não é novidade
pois os adultos tem que entender
que brincamos com a imaginação
por isso jamais esperamos
apenas amamos, amamos e amamos
pois os adultos não vêem
que amar é um tranqüilo faz de conta
não precisa complicar ....
é só começar...
Difícil de encontrar – 27.03.1999 12:09
acho difícil encontrar
alguém que compreenda as crianças
pois pra isso é preciso paciência
é preciso carinho
é bom dar dedicação
e sobretudo amor
mas não com beijo na boca
mas com um jeitinho gostoso
aconcheguinho
uma palavra simples de elogio
esperamos tudo da vida
olhamos pro mundo com imensa curiosidade
pra depois chorar baixinho de medo
temos muitos acontecimentos
temos muita fome
mas somos bem fortinhos
e apenas contemplamos tudo aquilo que desejamos
se choramos levamos palminhas
o mundo grande não é justo
primeiro nos mimam
depois nos castigam
deve ser duro crescer
e esquecer
esta grande riqueza que é a infância
o anjinho me contou
que é importante brincar
pois a alegria é um alimento
saudável e duradouro
mesmo velho
mesmo tolo
não desperiçamos um pinguinho
desta magia
e brincamos e brincamos e brincamos
até adormecer
então mamãe nos vê e nos cobre com seu amor...
Alegria – 27.03.1999 12:18
o dom da alegria é muito gostoso
sorrimos alegres e rimos de novo
pois o dia começou,
pois o dia acabou
pra depois recomeçar...
às vezes esquecemos delas
e ficamos chorões
e aí vem os grandes e nos mandam parar
e aí choramos muito mais
pois além de pouco alegres
nos sentimos abandonados
tem uma titia que é muito legal
ela nos conta estórias
nos ensina musiquinhas
e toda vez que choramos
canta pra nós parabéns e nos presenteia
com muito carinho e amor
outro dia ela me abraçou forte
e disse sorrindo
a vida é muito linda, sabe porque?
porque minha alegria é te ver...
e assim ela se foi...
mas claro que ela me deu uma balinha
pois era só o que ela titia podia comprar...
e fiquei feliz...
fiquei contente...
sorri...
pensando em tudo que poderia ter sido apenas sonho
mas em minhas mãozinhas
havia algo muito doce
mas não tão doce
quanto a minha querida titia do coração...
Titia tenho saudades – 27.03.1999 12:24
oi titia como estás...
tenho saudades de você...
nem sei de onde vieste
porque veio
para onde foi
mas sei...
me deste muito de si
e muito muito me distraí
escutando suas estórias...
até esquecia minha fome...
até esquecia que sozinho estava em meu cantinho
a sonhar horas de amor
quando junto com minha mãezinha
brincava de pegador
tudo tão distante
mas sem você tiazinha
que seria de mim
que seria de meu corpo
que sozinho estendido
se encontra no gramado
vejo longe agora
seguro firme tua mão
estamos voando, voando
sinto alegria imensa
por conhecer nosso senhor
ele é tão bonzinho quanto falas ???
tchau mundinho lindo
cuide bem de suas crianças
pra que elas não morram como eu...
Flor
A Flor está aqui por acidente, ela é o contraste razoável da mulher escrita pela ótica de um homem.
Seria razoável que ela voasse por forças próprias, e desta forma ela assim o realiza.
Flor é uma personagem forte.
Vence ao final e deixa sólidas sementes: no solo.
Buque de flores – 31.03.1999 3:49
em meio a perfumes e cores tão vibrantes
encontrei-me triste e pequena a pensar:
como tão simples poderia me destacar
dentre tantas e tantas e tantas...
bateu-me um sentimento de angústia
será que iriam me notar
me amar
me contemplar?
o dia passou escuro e eu insegura
e naquele crescente
notei que em mim
que a simplicidade florescia
e que na ausência de outra qualidade
o branco simples de minhas pétalas
resplandecia
e assim deixei de lado as vaidades
e me senti a mais flor
dentre tantas e tantas e tantas e tantas
passei a amar o meu momento
simplesmente sendo e amando meu destino
e ao contrário de antes
cada vez mais me envolvia
com aquela alquimia de perfumes
essências e cores
minhas pétalas vibravam para o alto
e nesta alto pleno e doce
celebrava meu amor ...
meu viver...
fortalecida em meu elemento
os dias se passaram cada vez mais prazerosos
decorei cada aroma cada nuance
e na magia de respeitar cada outro ramalhete
fui me ligando a cada qual
e seu destino
já não as invejava, as compreendia!!!
nisto se passaram dias
e como
e sem porquê
fui repentinamente
retirada do buquê
na seqüência veloz
dos acontecimentos: surpresa!
fui deitada
em um vaso só
única a banhar-me
em água fresca
sob o brilho de cristal
puro e suave
que me continha...
era tal qual eu sonhara
um lugar só pra mim
onde todos me contemplassem
mas de repente
eis que vi meu velho vaso
seco e despedaçado:
era eu a última das flores
chorei e lamentei por tudo isso
o sonho que então almejara
selou o meu destino na solidão
e do buque de onde estava
só restava uma lição:
uma saudade infinita
doutro tempo
de outras amigas...
pois vencida a vaidade
que me consumia
aprendi a amar e a amar
assim me transcendi
e não sequei tal qual as outras
imersas na inevitável preocupação
do envelhecer...
fiquei serena
a contemplar o senhor tempo
e o destino
e a grande conquista
que tivera sem querer:
sobreviver
e hoje estou aqui sozinha
não mais vaidosa
mas tranqüila e sábia
a esperar pelo meu tempo duradouro
quem me vê nem imagina a minha idade.
sou a flor branca
sincera e eterna
da paixão...
Um sentido belo na manhã - 1.04.1999 - 6:53
um sentido belo na manhã
se coloriu de azul e fogo
traços cortantes de cinza glacial
mensagens invisíveis de esperança...
lembro-me de noites elas
onde ficávamos na cama
sonhando e amando
até noite a cair...
mas depois da manhã havia a ressaca
falta de sinceridade
pedacinhos de culpas
disfarçadas
em um "oi" frio
num pigarro forçado
como quem diria: tenho que sumir agora.
destas lembranças
só me recordo de um vazio
de um grande vazio
que jamais preencheste
e quando voltava a dormir
ansiava pela inocência
que perdera num passado não tão distante
e chorava e chorava baixinho
pois não queria que escutassem
os eus de meu coração...
e todas as vezes o mesmo vazio
vadia rondei a esmo procurando solução
mas sempre olhando e não enxergando
pois me voltava para o "baixo"
abaixo do ventre
Mas na manhã seguinte
véspera de meu aniversário
voltei-me aos céus e pedi com força!
e foi então que vi
toda a beleza e esplendor que me havia sido negada
ela sempre estivera lá
e eu nunca a senti
pois apenas voltada para mim
jamais notei
que nós e eles estamos só pra revelar a grande
mágica da vida
e este segredo
está exposto num grande retrato celeste
pintado no céu verdadeiro das manhãs
nas manhãs de grande força
onde toca-nos a esperança no alto
no alto altíssimo das boas intenções
a verdade reside em sentimentos
e sentimentos constróem as emoções
meu céu de emoções agora é calmo, tranqüilo e
branco
e entre nuvens sou a mais clara
dentre elas
pois assumo-me flor
só nascida para amar...
e nada mais...
das lembranças do passado
daquele vazio que me consumia
nada lembro
nada resta
pois hoje
estou diante de mim pura e nua
pra ser julgada
e pra vencer e vencer e vencer
pois não mais vendo as esperanças minhas
pra mais ninguém
seja elas minhas ou de mais alguém
pois hoje não oculto mais o que quero falar
seja não, seja não não!
e marco assim uma linha divisória
entre o que permito e não permito
e jamais calarei esta vontade
ou falta de...
e na ausência de desejo
não deitarei-me pra tentar...
pra sonhar alto e decair...
pois sei que elevados são meus sentimentos
e que muito me custaram...
e quando eles dormem inocentes
e acordam como porcos assustados
nem revelam suas verdades...
nem me dizem sequer bom dia, como está?
e portanto jamais estarão aqui outra vez
pois neste lugar que me divido
prefiro ficar assim
apenas acompanhada com meus pensamentos
verdadeiros
com meus pensamentos que outrora
jamais existiram...
estou ocupando todo espaço
espalhada nua e repleta
na cama e no mundo
reflexa no céu
refeita pela magia da manhã
e assim acordarei mais bela
e buscarei abrigo noutra verdade
numa verdade que me respeite
que me satisfaça
que me aconchegue
e me diga bom dia, meu amor...
e não importa vigor ou sexo
e não me importa seja quem for
mas que me tenha e contenha em tua alma
pois flor preciso de terra fresca para ser e estar
pois caso contrário não viveria
apenas sofreria por nada !
meu amor que vem comigo...
temos muito a trilhar...
vem ...
amor...
seja quem for...
pois o céu está a nos esperar...
alcancemos tua altura numa troca descomunal...
que caiam minhas pétalas de tamanho êxtase e
ternura
e então estarei pronta para morrer
deixando nossas sementes assim plantadas
para o sempre do sempre!
Walker
Walker é um cavalheiro errante, vaga nas noites a procura de uma diva... de um par complementar... que lhe oferece não apenas prazeres do universo físico, mas também do etéreo, do místico.
Como um viciado ele busca a vida e quando a encontra se entrega à paixão como se nada existisse para parar tal amor, ou busca de...
Nesta caminhada insana não reconhece limites, cria a partir do nada, como se a vida resumisse neste ato: cativar!
Esta pessoa é acima de tudo um artista, que se revela com força e exuberância, pois é um ser eternamente livre e nada o prende!
A clara idade do desconhecer - 23.06.99 - 23:51
clara é a idade do desconhecer...
a transparência...
a fantástica alma calma...
o tranqüilo sofrer...
a viagem...
dois pontos livres...
que a cristalina verdade da força...
desconhece...
pois o conhecer da alma...
é sempre encontrar o caminho mais próximo...
entre o eu... o você...
cristal partido...
em infinitos pedaços de meu desejo...
o desconheço perdido...
entre os fantásticos cacos de minha alma...
calma...
serena...
tranqüila...
repousa... desconhecida...
e no surpreendente espaço...
raia uma nova idade...
clara idade...
de clarividade...
e intensa transparência... fantástica...
uma vida...
uma lembrança...
vou repousar aqui...
pra que se baste...
pra que repouse simplesmente...
e pura há de cingir a mais bela melodia...
tranqüila... vívida... eloqüente...
confirmando uma dúvida antiga: a vida vale a pena...
e serena...
há de cruzar o mais trágico abismo...
o mais escuro túnel...
pra reluzente tocar a mais alta estrela do firmamento...
pois em seu íntimo cultiva a fé...
sua verdadeira fé...
no sentido de Deus...
pois inocente... acredita no amor...
no grandíssimo amor...
que não tem limites...
pois esquece-se Deus...
e alegre dança a música da vida ao lado meu...
que não posso dançar...
e feliz olha para o horizonte...
onde posso estar em todos os minutos...
e na mais pura euforia...
ela se despe como uma diva...
e se expõe com ternura...
colhendo amor...
decaído em sexo por uma noite...
e qual mistério haverá após esta noite?
e qual limite restará após este êxtase?
amiga porém adormece claramente...
e flutua sobre o monte mais alto...da sabedoria...
sente o celeste toque do divino...
envolvida é... pelo sopro da vida...
e mesmo assim vivencia... repetidamente seu passado...
e não vislumbra...
e não compreende o que a toma...
e então todo azul lhe devora...
em inigualável paz...
e terra fica...
enquanto se esvai...
a trilha de um cometa errante... pro infinito...
e Deus ...
é testemunha disto tudo...
e no inferno registra este momento...
pois somente lá é que se faz todas as contas...
do que se deixou...
do que se deixou transformar...
e este amar... liberta o culpado...
e este amar... liberta a culpada...
e este amar... liberta o SER!
e eu entre tantos... continuo alheio a isto
tudo...
pois sou assim...
ai de mim...
como só...
clarividade a sua procura... eternamente!
Anoitecendo - 28/06/99 - 01:19
anoitecendo estão meus olhos...
quase encontrando você: noite envolvente...
e assim como um príncipe... adentro a noite...
desprotegida como uma virgem... de corpo e coração
mas levemente eu me deixo...
levar ao sabor do vento...
no veloz acontecimento deste viver...
que nunca finda... tal qual o encanto...
de um casal irreal: lua e sol...
e você tão aflita...
pergunta no íntimo...
porque tanto demoraste?
porque tão forte se ausentaste?
por quanto tempo haveria este ir e vir
que não tem fim...
abraçaria tua pele carinhosa...
envolvendo-a de azul que é meu cio...
pois doutra forma... seria rosa: meu ardil...
e a envolveria de acordo com tua vontade...
pois és livre !
e depois de tudo que houve...
me diz qual é a lembrança... que não deixo?
me fala qual é a palavra... que não toco?
me pede qualquer coisa ... pois dou agora...
e assim sempre foi na pura verdade...
o que não lhe dei que não tivesse pedido...
ou desejado?
e assim viciado...
abandono sua pétala flor...
pois semeado o amor... nascem os frutos...
e deste perfume sensual...
nasce o sabor gostoso...
pecado tenro e vistoso...
de nossa união...
vem noite gostosa...
vem intensa e mimosa ... frutificar...
pois o que eu não dou que não me pediste...
pois o que não desejo que não possuíste...
complemento de meu desejo...
pétala de meu botão...
suga-me o néctar... enquanto está fresco...
e me leva pra além ... da imaginação !
pois estou agora... aqui... novamente...
e anoitecendo você brevemente estará...
repleta de mim!
Todas as noites – 29.06.1999 – 19:26
Todas as noites ei de voltar como um mistério...
todas as manhãs fugir furtivo pelo ar...
e quanto ao amar ???
fico assim intensamente...
em você
querida e amada... amiga !!!
Um pensamento – 06.04.1999 – 13:36
um pensamento nasce diferente
tranqüilo cresce e sobe no horizonte
diria é o céu
diria é o sol avermelhado
é o nascer áureo do dia
um céu todo escaldado de amor...
a manhã tranqüila e doce
toca meu pensamento virgem
e o fertiliza de esperança
renovar velhas lembranças
corrigir erros antigos
refazer amigos
fortalecer tudo de novo...
vamos assim andando...
amando....
pulando alguma paixão...
para não nos perdermos de pronto...
pedrinha por pedrinha pelo chão...
e logo o chão fica brilhante
de tantas e tantas que andamos
que lançamos pedrinhas multicor...
resplandecentes
nos campos do Senhor...
e ele nos é grato...
pois sem nós jamais o faria...
jamais plantaria este eterno amor
chamado amizade!
verdadeira
ela resplandece em nossas vidas
nós a temos e deixamo-la partir
para que sempre volte
e retorne fortalecida amizade...
jamais esquecemos de nossos amigos
a mais deixamo-los livres
amais uns aos outros disse o homem
o filho do Pai!
e nós ouvimos estas palavras
e a guardamos no coração
tranqüilo e semente
sem outra emoção
pois em nós reside: Vida!
Hello
Hello é meu companheiro preferido, um sujeito infernal que malicia o que é celeste e sempre alfineta o proibido.
Este inferno original permite experimentações, rápidas descidas emocionais e vórtices intensos de saudade.
Ao final de tudo, enjoamos, enjoamos de sua densidade absurda e de sua profundez que não respeita nada.
Ele cospe no prato que come, e ainda ironiza o ato de fazê-lo.
Portanto, julgo-o genial, Lobatoniano, Arte-Modernista de 1922.
Hello é irmão bastardo de Macunaima, mas possui uma estética própria: infernal!
No fim este mau exemplo acaba influenciando todos os meus companheiros.
O público o odeia.
Mas nas entrelinhas, o destino escreve a ele em linhas próprias.
Sempre pronto para a guerra ele mal respeita o amigo, bota o dedo na ferida e lambe ao final
: o dedo!
Ciranda - 08.06.2001 – 14:11
Muita gente vai passar...
Muita água vai rolar...
Tanto vento pra ventar...
Mas é triste não voltar...
Volta o homem à paixão...
Segue a risca a emoção...
E voa...
E voa...
Mas sequer é avisado...
Que nesta vida é pecado...
Se tudo pode...
Assim vai ser...
Na ciranda merecer...
:O que lhe cabe...
De mão em mão a emoção...
Rola e vai com a paixão...
Passa anel...
Passa tesouro...
Tece a vida em vestes ouro...
Pois assim vai desbravar
:A terra virgem...
E o poeta vai estar...
Na ciranda a derramar...
Todas elas...
As tristezas...
Vai cantar toda destreza...
Deste bravo...
E toda gente vai entrar...
Na ciranda pra dançar...
Seja só...
Seja calado...
Seja par...
Seja casado...
Um a um vão todos lá...
Pois se é noite...
É pra dançar...
E o tempo voa...
Na cantiga...
Que nunca é atoa...
Voa o homem...
A mulher voa...
Voa a criança...
Roda o pião...
Tudo é festa... é diversão...
E a vida presta...
O cantador...
Canta calado...
Sonha em versos...
Pois é amado...
E tudo flui...
A noite envolve...
A maior das festas...
A vida é noite...
Uma seresta...
Mas quando a roda...
Começa a andar...
Todas pessoas...
Vão lá estar...
Pra cirandar...
Onde tudo é lindo...
Não Amo! – 30.05.2001 – 14:18
Não amo!
E daí se não amas...
Não amor com não amor...
Que se apague esta chama...
Que se esmague a flor...
Nada presta pra saciar meu eu agora...
Não me ame... vá embora...
Assim...
A vida me dará mais um segundo...
Uma certa distância...
E no fim...
Estaremos satisfeitos cada um...
Em seu mundo algum...
Escrevendo nada para o Nada!
Uma relação! – 28.05.2001 - 02:24
Em êxtase meu amor por ti ei de velar...
Apagar o cigarro em meu peito...
Revelar!
Outro aspecto de uma relação... cruel!
A cada dia! – 29.05.2001 - 02:46
Minhas feridas jamais cicatrizam...
Meus punhos e mãos soam sangue...
Na sutileza de algo dor...
Um desespero há de nascer
Cada dia pior...
Não por fazer desmerecer...
Quero muito conhecer... revelar...
Pra no dia seguinte abandonar... apagar...
você: cigarro... em meu sexo!
Estar – 30.05.2001 – 13:51
Estar aqui é muito bom...
Viver aqui é melhor...
Destruir veloz...
Ouço o som da tua voz... caindo...
Estar entre outros é vital...
Marcar um ponto é mortal...
Vive-se e morre-se...
Sente-se e dá-se... consome-se...
Estar como está deixe assim...
Bem perto ou longe de mim...
Sinto que a vida é um êxtase cruel...
Penso em sexo... com fel...
E estou...
Madrugada – 29.06.1999 – 04:03
Na madrugada que atravessa-me em horas ousadas...
Pensamentos do passado ecoam em minha mente...
E assim consumido...
Passo minutos transformados em horas em uma busca desumana...
Depois de muitos anos...
Esta antiga companheira (MADRUGADA)
toma-me refém de minhas emoções...
Que antes incontidas rompiam-se e chocavam-se com os ouvintes atentos de salas de chat e fóruns de poesia...
Penso que muito destas inúmeras sílabas roubadas... emoções provocadas...
Iras e paixões transcorridas são a antítese do que sou hoje...
Permaneço contido...
Às vezes recaindo no antigo subterfúgio da emoção... da ação... da explosão...
Feridas que dóem jamais cicatrizaram...
Pensamentos continuam a ecoar como raízes que ficaram assim profundas...
Profundas demais para arrancar ou esquecer...
Para todos que escrevem... penso que aflitos já passaram por algo semelhante...
Para os que amantes... todos que escrevem... deixam provas no pensamento...
E para os que buscam... a verdade é a que mais dói... a maior de todas: CHAGA!!!
Hei-lo bandido: o amor abandonado
Vaga perdida: paixão absurda e inconstante...
Deixa-me breu: lembranças de pessoas que não mais ouvi ou vi em minha vida de agora: PRESENTE, tempo impretérito que jamais repete erros do passado...
Decorre disto tudo um amadurecimento forçado...
A distância de um envolvimento maior ou menor com quem quer que for...
Seja por amor ou ódio...
Seja por tudo ou nada...
Seja então por existir...
Portanto não existo...
E estas linhas são pensamentos inexistentes...
Fluídos como o vento...
Penetrantes como o frio...
Cortantes como o brilho único do diamante...
Quem conhece magia...
Sabe a idade das pedras...
O poder da pureza...
O multiplicar do ardor...
No brilho que reflete pedra ou gema no íntimo...
Fragmentos de histórias do início dos tempos...
Hei-las de todas as cores...
Como testemunhas dos mil amores que viveu o criador...
Escolho a pedra útil...
A poesia sem amor...
A paixão sem objeto ou sujeito...
A vontade sem ardor...
Neste limite em que nada rompe qualquer limite...
Deposito sementes de muitas dores...
Muitas delas que nem mais lembro donde vieram...
Onde ficaram...
Nem quando dóem...
Pois entrego-as todas junto com as milhares poesias...
Que minha vida apago...
Entre papéis e CD-Rs que por muitos anos preservei como únicos e sinceros...
Hoje compreendo que eram um único teatro... e eu o elementar ator...
Sempre o máximo...
Quando valesse o mínimo...
Por ausentar-me sem dó...
Do que plantei se fé...
Muitas vezes penso musicando as notas dó, ré, mi....
Mil e uma vezes... cantarolei poesias impossíveis que apenas existiram em minha psique...
E desta reflexão...
Apenas tiro que a madrugada me usufrui nisto tudo...
Não sou eu que a exploro...
Mas é ela que me usa...
Como pena e papel de infindáveis solitários...
Casais perdidos... separados por razões mil...
Penso que o Brasil...
É um ótimo país pra se nascer...
Viver...
E amar...
Não sei qual é a conclusão disto tudo...
Mas se alguém puder me contar... peço: me conte...
Pois isto só é pra contar... escrever... reflexões muito além de mim, eu mesmo!
Poesia sem AMOR ! – 06.09.2000 – 22:29
Poesia sem AMOR !!!
Deitaria em solo santo...
Pelo verbo divino...
Sem lágrimas ou pranto...
Refletindo... infinito... gostaria de ligar...
Eu ao mundo...
Sentimento ao fundo...
Sem o apelo da parte...
Mas na voz que reparte... coração em dois... deixaria ao céu aberto...
Basta-me ouvir declarações de amor... VAZIAS...
Gostaria de pensar em algo diferente de rimas...
: VADIAS...
De músicas impossíveis...
De sons cruéis...
De verdades que não tocam... ao destruir...
Destituir-se-ia todo o estereótipo artista...
Todo melódico poeta...
Muito romântico e apaixonado...
Muito previsível e calado...
Explosivo em sentimento!
Em meu rítimo...
Jamais cortejaria uma dama...
Sem mais dispensaria alguém apaixonado
: HOMEM OU MULHER...
Pois no reverso de tudo existe o ato do VAMPIRO...
E como oposto do que é sombra...
repouso bandido...
Roubando pedaços d'alma...
Em conluio com o céu...
Lágrimas marcaram o meu caminho rumo ao inferno...
Mágicas me trouxeram qual vigor...
que hoje me escraviza...
Por isso é que busco...
No caminho amargo uma flor...
A qual seria apenas amada... talvez amor...
A qual diria estou casada... com igual destino...
E não desprezo ou menosprezo tua dor...
teu amor... teu tudo!
Criatura de meu peito...
Em teu leito vá deitar... sem lembranças...
sem sonhos...
Pois a noite é bela!
Vamos simplesmente ousar!
FAZER POESIA E PONTO FINAL !
Vórtice – 29.06.1999 – 4:03
Quedando em imensa velocidade...
Sinto tudo a minha volta girar...
absolutamente tudo!!!
Sem referências para me agarrar...
Sem pessoas ou lugar pra pousar...
Meu corpo é refém... tal qual o pensamento...
Sob a fúria do abismo que me traga e contém...
Muito além...
Em magia profana...
Vejo meu reflexo marcando forte...
linhas do destino pra mim mesmo...
A imagem se apaga tal forte é a turbulência... centrípeta aceleração que consome a alma...
Trazendo a calma... da linha negra que se cruza uma vez... apenas numa existência... (Morte)
Mas em pleno mergulho que ameaça a própria consciência...
Me entrego em corpo primeiro... e em alma...
Restando apenas o princípio... intacto... pois não pôde ser trocado ou preterido...
Despido e em fúria...
Meu eu animal... se harmoniza com o cenário infernal que me contém...
Uma queda de milhares da anos...
Séculos velozmente regredidos em imensa fúria...
Demoníaca fúria...
Que só os próprios o conhecem....
Assim fugaz...
Meu eu que nada resta....
Se reúne em tal jornada com seus iguais...
Num universo novo...
Uma nova ordem ressurge e satisfaz...
No princípio!!!
Ultra-hiper-romantismo - 29.06.1999 - 04:06
Ultra-hiper-romantismo!
Neo-gostoso e breve...
A história humana em ciclos...
Ciclos que vão e vêem deixando marcas
de tinta velha sobre a parede cheia de rugas...
buracos... cicatrizes...
Existe um ponto prevalente...
Um retorno constante ao tema do amor... do excesso de amor... e depois a sede de morte...
Românticos...
Ultra-românticos Poetas e Suicidas...
imaginam histórias que nunca viveram....
Amores que nunca colheram ou plantaram...
vítimas de seus sonhos e esquizofrenia...
O propósito deste algo... escrito!
É afirmar e reafirmar que nada do que leio sobre o amor...
sinto: reflete de fato o amor...
Nada do que leio do amar...
resulta de um sincero amar...
Não porque todos sejamos culpados...
Ultra-hiper-românticos ou drogados...
drogados virtuais em poesia!
Talvez shytara compreenda... ou grite... ou rebele com sua juventude...
Talvez eu: Hello o persiga e julgue tenazmente...
Talvez outros percebam que existe um ponto de saturação para o farfalhar do amor... amar...amor... amar... amor...
paixão que no fim de tudo redunda em SEXO...
Nada contra o Sexo! Tudo a favor dele...
Mas preferia que pudéssemos
falar diretamente nele!
deixando o amor e o amar
aos ULTRA-ROMANTICOS do passado...
Não quero ser super herói...
Hiper-poeta ou Neo-Casanova...
Quero ser apenas Humano!
Falar de coisas humanas...
Sentimentos sinceros...
Verdades tocantes...
Nada Mais...
E ainda citando:
... Eu quero uma casa no campo!
E Boa Noite!
Nas areias de um novo deserto – 20.06.1999 – 04:16
Na areia de um novo deserto...
Deito em solo o meu amar...
O meu calar...
Em infindável ardor...
Na imensidão do que sufoca...
Atravesso inutilmente...
Colinas furiosas e ardentes...
Colidindo com a chuva imaginária de minhas lágrimas...
Tudo é seco...
E então resigna-se o homem à caminhada...
Rumo ao incerto...
Repleto de medos e temores...
Toda dor de então é dissonante...
Canta-se com insanidade cada acorde que a areia rasga...
Mas ressurge ao peito...
Sangue vertente em luz de uma diva misteriosa: mensageira do inesperado...
Chove-se senão na areia virgem de um lugar jamais molhado...
E com surpresa e espanto...
Observo a imagem de um recíproca capricorniano...
Seco e infinito como a mim e ao próprio...
Ao fim de alguma jornada...
Reflito sobre tudo que já cruzei...
E imagino assim que dor maior seria apenas...
Jamais em algum lugar não ter cruzado...
Tal destino que me espoliou de tudo agora...
Para que nada restasse que não a ALMA
: por hora eterna a espera do amor
: VERDADEIRO AMOR...
Pois nada mais resta do amar... que misturou-se com o infinito das areias do deserto... pra jamais voltar...
Mentira! – 30.05.01 – 13:40
Mentira que a vida é como você diz...
Mentira que você é tudo o que fala...
Mentira é o falo... sem função... sem sementes...
Mentira é o sexo que não frutifica...
É o ventre que não concebe...
É a voz que não canta...
Mentira é aquilo que constrói entre nós
: UM MURO...
E dou um MURRO nesta mentira...
Pois não bebo desta água...
Nem nada neste mar
: de mentiras...
Avance o sinal se quiser...
Quem morre ou não é Mentira!
Da minha parte a vida é um veludo celeste...
Cheia de espinhos e pregos...
E me deito nele...
E me esfrego!
Poeta Tupiniquindim – 06.09.2000 – 22:21
Delicioso é ser poeta...
Em um país sem dindim...
Sem sonho ou coragem...
Sem adubo pro jardim...
Se escorrega na banana...
Pensa: clichê de desenho americano!
Pesa-se: Pesticida imprestável
Agrotóxico improdutivo
: subproduto de telenovela nacional!
Nada é mais intragável
Do que comer o poesia em papel jornal
Todo mal é ser poeta...
é complicado fugir da festa...
da grande festa da criação... inspiração à 100 por hora... realidade à DEZ!
Em meio a crise financeira
fico a escrever pra me sentir VIVO!
Vívido mas indigesto
Sobrevivo como um indigesto prato
Para tua refeição!
Jogado na lixeira
Não me preocupo
: serei reciclado...
Reciclável daqui a dez mil anos...
Cúmplice do oportuno...
Encaroçado e de mau gosto...
Antropológico e roto...
Lembro da Semana da Arte Moderna de 22...
Não mata a fome...
Mas reflito que é melhor...
Ser artista para a posteridade...
Do que prostituto da
PRODUÇÃO EDITORIAL BRASILEIRA!
Melhor é vê-lo no esgoto
: O POEMA...
Dessa terra hospitaleira...
NÃO GUARDO NEM MESMO O PÓ...
MAS CULTIVO POESIA, POIS EXISTE MUITO ADUBO:
- NA SOCIEDADE
- NA CULTURA
- NOS MAUS POETAS
VIVA A ANARQUIA...
VIVA INTENSA A POESIA...
NO PAÍS DAS SAÚVAS
Definindo a Saudade – 29.06.1999 – 04:36
Saudade é não ter paz,
é perder alegria, viver vendo coisas
em cada esquina, em cada olhar ...
Saudade é aprisionar sonhos,
afogar em rios de incerteza
toda uma vida a dois
Saudade é ter o coração vestido de tormento,
vestes que já foram peças de uma vida.
... Depois despindo-se vai matando bem devagarinho.
Saudade é definida...
Quando não se tem paz... momento algum...
Quando se atropela o viver das coisas que crescem...
Tomam nosso controle... nossos sentidos...
Nos fazem perder... alegrias... algo importante que temos...
Em cada olhar...
Em cada esquina...
Em cada lembrança...
Saudade... aprisionada em nossos sonhos...
Tornam pesadelos medonhos... o menor cochilo...
E em rios de incerteza...
A vida queda abruptamente...
Numa cachoeira infinita...
Onde decaem lágrimas sem sal...
De um coração sem toques...
Despido o amor!
Negro... veludo de tormento...
Há quem não tem paz e se atropela no vir e ver que as coisas crescem...
Ao nosso redor...
No nosso íntimo...
Em todas as lembranças...
Que doem e cicatrizam... jamais... em nossas mentes aflitas... como uma chaga!
Levado assim neste conflito...
Quedei na impiedosa rebentação de cachoeira fel...
E senti cruel... verdades rasgando meu orgulho e sentimento...
Pois humano... também falhei por não entregar... tudo que eu tive...
Preso ao meu véu...
Largo docemente... cada palavra escolhida...
Caída no chão... forma uma trilha distante... que vai sem demora...
Vagarosamente... distanciar-me de mim mesmo...
De minhas palavras... lembranças... como águas...
Que em outros tempos mesclaram...
Eu e o mar...
Eu e o amar...
Restada a Saudade...
Na imagem que se apaga no horizonte...
Navego rumo ao novo sentimento...
Talvez não mais saudade... MAS FRUTO DELA!
Despido o homem só...
Caminha inabalável...
Sem roupas ou vestes...
Apenas vestido EM SENTIMENTOS...
MAIS HOMEM QUE JAMAIS FOI...
... A PROCURA DE UMA MULHER!
Sentimentos explodem...
Sentimentos extrapolam o que podemos expressar...
Sentimentos ficam ocultados na poesia...
Sentimentos nos fazem rimar... amar... sentimentos que jamais imaginamos...
Entre palavras...
Guardo pérolas e sentimentos...
Jóias raras de valor algum quando não lidas... não tocadas... não amadas...
Ou simplesmente vividas...
Quando alguém lê...
Muitos imaginam...
Se tudo que eu escrevo eu sinto... eu vivo e sofro...
Absolutamente tudo... tudo é de fato verdade...
Pois sentimentos tem seu corpo em plena arte...
Expressão de sentimentos em poesia...
: Corpo imortal...
Que delego ao mundo com minhas palavras...
AGORA PALAVRAS DO MUNDO
... Portanto não mais minhas....
....... Tal quanto sentimentos são pro mundo!
: Jamais meus!
: Restada a Saudade...
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